🐇 Book Review: Watership Down 🐇


(English)

    Hello everyone!🤗 Today we’re bringing you another one of our very delayed reviews 😅🤭. How many are still pending? Four? Maybe five? Work and university haven’t left us with much free time lately… But don’t worry! We’ll get through every single one of them!💪🏼
Now, without further ado, here is our newest review of the classic Watership Down.😌

    We had always heard of Watership Down as one of those must-read classics of English literature. The idea of following a group of rabbits on an epic adventure seemed, at first glance, unexpected — but the more we looked into it, the more we realised this story is not really about animals. It’s about community, fear, survival, and hope. As intimidating as it felt, this book is a significant piece of literature that remains relevant decades later, and we knew we had to add it to our “everyone should read this” list.

    From the very first pages, we were pulled into the beautiful atmosphere of the English countryside, contrasted with a dreadful vision of the threat approaching our characters’ warren. Fiver’s vision and his intuition that something terrible is coming immediately sets the tone: this will be a story centred entirely on survival.
    Fiver isn’t exactly the kind of character you trust right away, but he’s also not just an anxious, skittish rabbit. He exists in that fragile balance between sensitivity and instinct. Unfortunately for him, this makes him seem unreliable to the rest of the warren — except to his older brother, Hazel. Hazel is the exact opposite: rational, determined… and although he doesn’t fully believe in Fiver’s visions, he trusts him. And that changes everything, launching the two of them into a mission to evacuate their warren and save as many rabbits as they can.

    Among all the characters, the one who stood out to us the most was Bigwig. His strength, loyalty, and vulnerability made him the rabbit we rooted for from start to finish. There’s a deep humanity in him, a courage that doesn’t need to be perfect — and perhaps that’s what makes him so memorable.
    General Woundwort, on the other hand, is unforgettable for very different reasons: he is a myth-like villain, relentless and imposing, representing the harsh and authoritarian face of survival. He is simply the product of a cruel world where only the strongest endure, with no room for compassion.

    Throughout the journey, we discover how each rabbit colony functions in completely different ways, with their own rules and “truths.” Some are rigid, others live in a false sense of security… And in every single one, there’s something that mirrors human society: the need for freedom, the power of the strong over the vulnerable, sacrifices made for the “greater good,” the fear of the unknown, the comfort found in conformity…
    This book presents countless situations that reflect the structures of our world. And then comes the farm… The most horrifying scene in a children’s book — one we were absolutely not prepared for.
If you’ve read the book, you know exactly what we mean. If you haven’t, trust us: it will stay with you long after.

Spoilers ahead — skip to the bunny if you haven’t read the book!

    Those chapters about that particular warren were, for us, some of the most disturbing moments in Watership Down. Not because of explicit violence, but because from the moment we’re introduced to that place, something feels wrong. There’s an underlying fear, a sense that everyone is pretending nothing is happening. Watching a community live in a kind of “false peace,” where everyone has silently accepted that some rabbits will disappear without explanation — and where nobody asks the dangerous questions — is chilling.
    It’s a silent pact of convenience, a normalization of horror in which the rabbits accept that some of them will be taken in exchange for comfort and an endless supply of food.

    And that is what makes it so unsettling.

    The way these rabbits live with the constant risk of death — as long as it doesn’t happen to them, as long as food keeps appearing, as long as life feels stable — is a deeply uncomfortable reflection of how human societies also behave. We often accept the suffering of others as long as it doesn’t touch us.
    The book never explains directly what that community feels, because we see everything through the eyes of our protagonists, but the tension is unmistakable: fear, repression, conformity, all hiding beneath the friendly facade shown to Hazel and the others.

    The most frightening part is the collective rationalisation — the idea that if no one speaks about it, if everyone accepts it “because it’s always been this way,” then the horror stops mattering.
    The book shows that this passivity is as deadly as any predator. That community chooses a poisoned comfort, a security that is actually a trap. They trade freedom for controlled survival, in such a ritualised way that it almost feels like witnessing the birth of a cult. Because just like those rabbits, humans, too, can accept unjust systems as long as they provide immediate benefits.

🐇 Let’s continue — no more spoilers!

    More than a story about rabbits, Watership Down moved us deeply because of its themes of home, love, and refusing to give up.
    The ending is as poetic as it is necessary. After so many dangers, losses, and uncertainties, we are given a conclusion that balances melancholy and hope. It feels like we witnessed a full cycle — that these small lives gained meaning, space, and legacy.
    And that stayed with us.

    It’s one of those books you close slowly, thinking about it for days.
    So our rating is ⭐ 4 stars.
    A beautiful read, filled with chilling moments, profound reflections, and a worldbuilding perspective unlike anything else. It’s not just a classic — it’s a story that lingers long after the final page.

    And that’s it, everyone!🤗 We hope you enjoyed this review and that it encourages you to read this wonderful classic. It’s absolutely worth it, and you won’t regret it!😌


(Português)

    Olá pessoal!🤗 Hoje trazemos-vos mais uma das nossas muito atrasadas reviews 😅🤭. Quantas temos por fazer? 4? Talvez 5? O trabalho e a faculdade não nos deixam muito tempo livre ultimamente... Mas não se preocupem! Havemos de publicar cada uma delas!💪🏼
Agora sem mais delongas, aqui têm a mais recente opinião sobre o clássico 
Watership Down.😌

    Sempre ouvimos falar de Watership Down como um daqueles clássicos imperdíveis na história da literatura inglesa. A ideia de acompanhar a história de um grupo de coelhos numa aventura épica parecia, à primeira vista, inesperada, mas quanto mais investigávamos, mais percebíamos que esta história não é apenas sobre animais. É sobre comunidade, medo, sobrevivência e esperança. Por muito intimidante que parecesse, este era um pedaço importante da literatura que continua a ser relevante décadas depois, e como tal não podíamos deixar de o acrescentar à lista de livros que todos deviam ler.

    Desde as primeiras páginas, fomos envolvidos por uma atmosfera linda da natureza inglesa em contraste com uma visão horrivel do que estava para vir ameaçar a toca dos nossos personagens. A visão do Fiver e a sua intuição de que algo terrível está prestes a acontecer define imediatamente que o tom da narrativa vai ter um objetivo muito claro: ditar a sobrevivência dos nossos pequenos heróis.

    O Fiver não é exatamente a personagem em quem confiamos logo desde o início, mas também não é apenas um coelho ansioso e assustado. Limita-se a viver naquele equilíbrio entre a sensibilidade e o instinto. Infelizmente para o Fiver, isto torna-o pouco fiável para os restante elementos da toca, exceto para o seu irmão mais velho, Hazel. O Hazel é o exato contraste do Fiver: racional e determinado, e... não acredita totalmente nas visões do irmão, mas confia nele. Isso muda tudo e lança os dois numa luta por evacuar a sua toca e salvar todos os que consigam.

    Entre todos os personagens, um que se destacou de forma especial para nós, foi o Bigwig. A força, lealdade e vulnerabilidade deste corajoso coelho tornaram-no a personagem por quem mais torcemos. Há uma humanidade intensa nele, uma coragem que não precisa de ser perfeita, e talvez seja isso que o torna tão memorável.

    O General Woundwort é outro caso de uma personagem memorável por ser um vilão inesquecível: uma figura quase mitológica, implacável, que representa a face dura e autoritária da sobrevivência. Simplesmente o fruto de um mundo cruel em que apenas o mais forte sobrevive e sem espaço para o amor e a compaixão.

    Ao longo da aventura, percebemos como cada colónia de coelhos funciona de forma completamente diferente com as suas próprias regras e "verdades". Há comunidades rígidas, outras que vivem numa falsa sensação de segurança... E em todas elas há algo que reflete a realidade dos próprios humanos: a necessidade de liberdade, o poder dos mais fortes sobre aqueles mais frágeis, os sacrifícios feitos pelo "bem maior", o medo do desconhecido, o conformismo perante uma situação má...

    O livro tem imensas situações que espelham a vida da nossa sociedade. E depois há a quinta... A cena mais aterrorizante num livro destinado a crianças... E nada nos poderia preparar para ela.
    Se já leram este livro, sabem perfeitamente do que estamos a falar. Se não, acreditem que é algo que nos vai ficar gravado durante muito tempo. Aquele momento foi dos mais perturbadores de toda a leitura.
    Avisamos já que vão haver spoilers no próximo parágrafo, por isso se não leram o livro, saltem até à zona onde está o nosso coelhinho.

⚠ Ok? Continuemos

    As páginas sobre aquela comunidade foram para nós, um dos momentos mais perturbadores de Watership Down. Não pela violência explícita, mas pelo simples facto de que desde o início ao conhecermos aquela toca, algo não bate certo. Existe uma sensação latente de medo e há algo de profundamente desconcertante em ver um grupo de coelhos viver numa espécie de “paz aparente”, onde todos se habituaram à ideia de que alguns vão desaparecer sem explicações e onde ninguém faz perguntas difíceis.
    É um pacto silencioso de conveniência, uma normalização do horror em que os coelhos aceitam que alguns deles irão ser levados em troca de uma toca quentinha e confortável e de comida disponível em abundância em qualquer altura do ano.

    E é isso que torna tudo tão inquietante.

    A forma como esses coelhos convivem com a morte iminente desde que não seja a deles (algo que nenhum pode prever), desde que a comida continue a aparecer, desde que a vida mantenha uma ilusão de estabilidade, é um espelho desconfortável daquilo que muitas sociedades humanas também fazem, aceitando que o sofrimento de outros existe e que "desde que não nos afete a nós, não é problema nosso".
    O livro não explica diretamente o que a colónia vive nem que ambiente se sente, porque vemos tudo pela perspetiva dos nossos heróis, mas é clara a existência de tensão, medo reprimido e conformismo por trás de toda a simpatia e serenidade que os coelhos parecem apresentar como fachada perante o Hazel e os seus amigos.

    O mais assustador é o racionalizar coletivo, a ideia de que, se ninguém falar no assunto, se todos aceitarem o que acontece “porque sempre foi assim”, então o terror deixa de existir.
    E o livro mostra como essa passividade é tão mortal quanto qualquer predador. A comunidade escolhe um conforto envenenado, uma segurança que na verdade é uma armadilha. Trocam liberdade por sobrevivência condicionada, e fazem-no de forma tão ritualizada que quase parece que estamos a assistir à criação de um culto, porque tal como os coelhos, os seres humanos também podem aceitar sistemas injustos, desde que lhes ofereçam algum tipo de benefício imediato.


🐇 Vamos continuar! Agora sem spoilers!

    Mais do que uma aventura sobre coelhos, Watership Down tocou-nos muito por aquilo que evoca sobre o tema de encontrarmos o nosso lar com aqueles que amamos e de nunca desistir.

    O desfecho é tão poético, quanto necessário.
    Depois de tantos perigos, perdas e incertezas, encontrámos uma conclusão que equilibra melancolia e esperança. Há um sentimento forte de que acompanhámos um ciclo completo — que aquelas vidas, mesmo pequenas, ganharam significado, espaço e legado.
    E isso ficou connosco.
    É daqueles livros que se fecha devagar e nos deixa a pensar neles durante alguns dias.
    Sendo assim, a nossa classificação é de ⭐ 4 estrelas.

    Uma leitura lindíssima, com momentos arrepiantes, reflexões profundas e uma construção de mundo e perspetiva absolutamente única. Não é apenas um clássico: é um livro que fica connosco depois da última página.
    E é isto pessoal!🤗 Esperamos que tenham gostado desta pequena review e que vos incentive a ler este maravilhoso clássico! Vale muito a pena e não se vão arrepender!😌

Comments

Popular Posts